Auren e a Porta
Há certo tempo atrás, havia um ser humano chamado Auren, que caminhava todos os dias pela mesma rua.
No meio dela, existia uma porta antiga, de madeira pesada. Sempre havia uma pausa diante dela: um olhar, um suspiro profundo… e a caminhada continuava sem atravessar.
No íntimo, Auren sabia que atrás daquela porta estava algo capaz de transformar a vida: respostas para dores carregadas desde a infância, perguntas nunca silenciadas, feridas ainda abertas em silêncio.
Mas a mente sempre dizia:
Não hoje. Não há tempo. Ainda não é a hora. Vai ser doloroso demais.
E assim, dia após dia, a porta permanecia fechada.
Com o peso das repetições, Auren encontrou um jardineiro sentado ao lado da porta.
— Por que nunca atravessa? (perguntou o jardineiro.)
— Existe medo do que pode estar lá dentro (respondeu Auren.)
O jardineiro sorriu e disse:
Não percebe? O medo não está na porta. O medo está dentro. A porta é apenas o caminho para se libertar dele.
Auren silenciou. O coração acelerou. Houve a compreensão de que muito tempo havia sido gasto acreditando em proteção, quando na verdade era prisão.
Com mãos trêmulas, a porta foi empurrada.
E o que havia do outro lado não era escuridão, mas um espaço seguro, iluminado, onde finalmente seria possível descansar e se reconstruir.
Reflexão
Muitos de nós somos como Auren. Ficamos diante da porta do autoconhecimento, da terapia, da mudança… mas damos meia-volta, enganados pelo medo. O inconsciente nos convence de que estamos nos protegendo, de que somos autossuficientes, quando na verdade estamos apenas nos adiando. A vida não espera. A porta está ali, todos os dias. Atravessá-la é o que define quem seremos daqui pra frente.